14 October 2007

Papo de buteco

Assisti esta semana, o Tropa de Elite. Sim, foi em casa, no DVD, pirata mesmo. Antes de qualquer coisa, que a delinquente que nos emprestou uma cópia na semana passada foi uma amiga da vizinha que é cunhada da colega de serviço do meu irmão. Resolvam com ela!

Olha, achei um bom filme. Uma interpretação sensacional do Wagner Moura. Conseguiu me deixar incomodado com o stress que lhe implodia a todos os instantes. Boas risadas também, no processo seletivo do BOPE. Como na cena da comida espalhada pelo chão: "Você é um fanfarrão, sargento!"

Além disso, achei o filme muito bem produzido. A narrativa é fictícia mas tem pauta diária na TV, no rádio, jornal, Net e por aí vai. O que sabemos e recebemos hoje, de notícias sobre esta guerra civil, é mediada pelos media. Somos assolados diariamente por falas e imagens sobre morte, tiroteio, moderníssimas armas israelenses nas mãos de traficantes e PM subindo morro de 38, Apreensão de drogas, etc. E acho que o filme vem nesta esteira da 'política do medo' e consegue construir bons angulos, fotografias e enquadramentos.

Por isso, ele consegue provocar um olhar de impacto a quem está assistindo: o diretor nos convida a uma visita pelo narcotráfico na cidade. Seja nos pilares asseados da academia ou no drama de ter uma mãe favelada frente-a-frente com o assassino (e policial) do seu filho. Se Tropa de Elite quer se representar como um documentário sobre o tráfico ou mesmo um simulacro das realidades dos sujeitos entre os becos da favela, eu acho que o melhor seja assumí-lo como filme.
Sim, pensem que no cinema o encaixe será bem melhor do que frente à TV. Se a intenção é criar uma trama policial com tiros, sarcasmos, ambiente violento, além de personagens que sejam durões e gananciosos, o filme vai agradar muito a quem puder assistir em uma boa sala de cinema. É um prato cheio.

O filme levanta algumas boas questões em temas como drogas, violência urbana, bandidos. Não vou enumerá-las aqui pois isso fica a cargo de cada um. Mas um ponto que eu quero palpitar é sobre a construção dos personagens. Achei ele muito bem definidos, tipo policiais corruptos, os traficantes maus, universitários afetados, negros descriminados. Estes personagens ficaram muito limitados a estereótipos de todos os tipos. Então, se o filme retrata uma cópia recortada de nossos cotidianos, eu creio que a imprevisibilidade que cola em todos nós diariamente, ficou apagada.

Filosofar é preciso! Assistam o filme, acima de tudo, pela qualidade de produção. Muito bom também pelo papo de buteco que ele gera também...

2 comments:

Painho said...

Desculpe alguns erritos de portugues no texto! Ressaca é foda...

Ana said...

Assiti piratao tbm. Daqui do Canada! Baixei total, queria ver demais. Escutei que aih no Brasil falavam e falavam do filme e resolvi ver.

Mas eu naum queria. Depois de ver o filme, achei SIM! que vale uma ida ao cinema.

Adorei a linearidade do filme, o discurso, a voz em off do Wagner, o jeito com que discurso e filme se confundem, levando o espectador a um mesmo fim...A situacao do Rio hj eh caotica e o filme, mesmo que passado em 1997, soh enfatiza essa estrutura dramatica, tanto na questao da pm, como na questao do BOPE e sua filosofia. Achei bacana tbm como o diretor investe em pequenas historinhas no meio para tracar o perfil dos envolvidos...dah pra ver que tudo tah interligado, causa e consequencia tanto para os fodoes do trafico, como para a plebe, para o policial, para o cara do BOPE, etc. Outra coisa, o filme eh direto, um soco mesmo, sabe? Naum tem vai e vens, paisagem, firulas. No mais, atuacao brilhante do Wagner - que novidade! - e muito bacana a producao! No final das contas, o fato eh que o filme persuade. Convence. Achei q naum ia comprar a vozinha do Wagner falando coisas que a principio poderiam ser tachadas como moralmente condenavel, mas eu comprei. Comprei ateh 2 horas pos filme, quando eu comecei a pensar bem.

Primeiro pq tortura nunca vai ser justificavel. Segundo...eh soh na zona sul do rio se fuma maconha???? Cade o pó???? Ninguem falou de cocaina nesse filme...provavelmente pq metade da direçao e produçao cheiram. O BOPE deixou de ser facista pra se transformar em heroi. Mesmo com o saquinho à tiracolo...Analisando bem, parece que tudo isso se caracteriza com a inegavel necessidade humana de proucurar freneticamente o bem e o mal. Eu, pelo menos, nao acredito em um lado sem o outro! A situaçao no Rio é realmente desesperadora...gente morrendo por muito pouco e isso nao me faz buscar em nenhum poder publico o pobre coitado do heroi. Parece que agora virou moda...o povo quer pq quer algum heroi. Povo esse que se educou com filme americano e povo esse q va pedir satisfaçoes para o Rambo, Exterminador..ateh Chuck Norris tah valendo. Mas naaao, preferem gritar e ovasionar um monte de policias subindo uma favela trocando tiro com os traficas e matando um monte gente inocente! BOPE? Heroi?

Bom, posso ter viajaaaado nesse post, mas eh tudo uma reflexao...hahaha...conversa de buteco MESMO! Bjos!

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